Maria - retrato de mãe
Maria
Eu quero abraçar as Marias
Que andam espalhadas pelo mundo.
As Marias que dão graças
As Marias que têm fé.
As Marias gloriosas
E as sem glória também.
No meu abraço, também cabe
As Marias das ruas,
Marias sem berço, sem nome.
As Marias que buscam no lixo
O consolo da fome.
Também cabem as Marias impuras,
As que erram, as que sofrem,
Que pagam pelo preço do fracasso
Sem saber o porquê.
E ainda cabem no meu abraço
As Marias que sonham,
Que lutam, que vencem
Ou que se deixam vencer.
Para muitas Marias,
Basta apenas viver...
E entre tantas, eu já nem sei quantas
As Marias que já nem têm mais querer.
Entre tantos rostos marcados,
Entre tantos passos mal dados,
As Marias se vão.
E levarão meu abraço
Só por serem Marias
E carregarem no ventre
A sublime missão de mãe.
Mães que já foram
Ou que ainda serão...
E andarão de mãos dadas com Deus
Com um sorriso de glória nos lábios
E a alma leve:
Ser mãe é redimir-se de todas as culpas,
É libertar-se de todos os pecados,
Porque a sua vida deixa de ser sua
E fragmenta-se em partes iguais,
Tantas quantas forem as bênçãos
A que chamamos carinhosamente de filho.