Um sonho, um vulto

Vem um vulto em minha direção, devagar.

Anda mansinho, como e com sorriso aberto.

Ele se transforma em um riso: tão belo é.

Uma face verdadeira e o vulto é e se abre.

Como rainha e com magia nas vestes voando.

O vulto me estende a mão, não quer me deixar.

Quer me puxar, me levar para o teu lado, dói.

Uma força irresistível vai também me levando.

Quero ir, quero não. Mas quero sim e sempre.

Um querer mais que incerto e de pura verdade.

Olho os olhos do vulto e uma lágrima brinca e

se sobressalta bem no canto dos teus olhos...

Dor, emoção ou alegria? Vimos-nos e é tudo.

Começo a reconhecer as mãos do vulto, rugas.

Tempo dobrado no tempo e revisitado, pureza.

As pernas não estão tão firmes. Hesitantes, pequenas.

Parecem não caber no corpo. Diminuíram o tamanho.

Esta imagem é singularmente perfeita aos meus olhos.

Eu, com o corpo envergado, conforto-me em tuas mãos.

É minha vozinha que veio me levar a uma festa no céu.

È minha vozinha que deseja continuar a me ensinar a vida.

Assim, no céu, estará comigo e com todas as bênçãos e atos.

Dançaremos na perfeição das melodias dos sons do paraíso.

Isso não é morte. Mas a graça de minha avó, levar-me-á ao

céu para rendermos saudades e aproveitarmos todos os sonhos.

Vovó, que amor é este em meu peito que tenho por ti, vovó.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 19/04/2012
Reeditado em 19/04/2012
Código do texto: T3621159