Um sonho, um vulto
Vem um vulto em minha direção, devagar.
Anda mansinho, como e com sorriso aberto.
Ele se transforma em um riso: tão belo é.
Uma face verdadeira e o vulto é e se abre.
Como rainha e com magia nas vestes voando.
O vulto me estende a mão, não quer me deixar.
Quer me puxar, me levar para o teu lado, dói.
Uma força irresistível vai também me levando.
Quero ir, quero não. Mas quero sim e sempre.
Um querer mais que incerto e de pura verdade.
Olho os olhos do vulto e uma lágrima brinca e
se sobressalta bem no canto dos teus olhos...
Dor, emoção ou alegria? Vimos-nos e é tudo.
Começo a reconhecer as mãos do vulto, rugas.
Tempo dobrado no tempo e revisitado, pureza.
As pernas não estão tão firmes. Hesitantes, pequenas.
Parecem não caber no corpo. Diminuíram o tamanho.
Esta imagem é singularmente perfeita aos meus olhos.
Eu, com o corpo envergado, conforto-me em tuas mãos.
É minha vozinha que veio me levar a uma festa no céu.
È minha vozinha que deseja continuar a me ensinar a vida.
Assim, no céu, estará comigo e com todas as bênçãos e atos.
Dançaremos na perfeição das melodias dos sons do paraíso.
Isso não é morte. Mas a graça de minha avó, levar-me-á ao
céu para rendermos saudades e aproveitarmos todos os sonhos.
Vovó, que amor é este em meu peito que tenho por ti, vovó.