FILHO ABENÇOADO

GILBERTO BRAZ ALMEIDA

Bença pai, bença mãe!...

Eram ditas como frases decoradas,

como um hino angelical

saindo dos meus lábios pueris

e já se ouvia vozes fortes de guerreiros:

_ Deus te abençoe meu filho!...

E no frenesi contagiante da passarada

um novo dia amanhecia

no vale abençoado da poesia...

Bença pai, bença mãe!...

_ Deus te abençoe meu filho!...

Como um vento varando teimoso

pelos trilhos enfeitados da primavera,

cortando atalho nas curvas do tempo,

eu e um beija-flor

chegávamos juntos à escola.

O beija-flor buscava o néctar da vida

e eu buscava sabedoria para ser poeta.

Bença pai, bença mãe!...

Já no apagar das lamparinas,

com o corpo leve como paina

sonhava no colchão de palha.

Com sempre, um anjo derramado do céu

escrevia num quadro dourado,

as últimas palavras de meus pais:

_ Deus te abençoe meu filho!...

gilbapoeta
Enviado por gilbapoeta em 14/02/2012
Código do texto: T3498760
Classificação de conteúdo: seguro