FILHO ABENÇOADO
GILBERTO BRAZ ALMEIDA
Bença pai, bença mãe!...
Eram ditas como frases decoradas,
como um hino angelical
saindo dos meus lábios pueris
e já se ouvia vozes fortes de guerreiros:
_ Deus te abençoe meu filho!...
E no frenesi contagiante da passarada
um novo dia amanhecia
no vale abençoado da poesia...
Bença pai, bença mãe!...
_ Deus te abençoe meu filho!...
Como um vento varando teimoso
pelos trilhos enfeitados da primavera,
cortando atalho nas curvas do tempo,
eu e um beija-flor
chegávamos juntos à escola.
O beija-flor buscava o néctar da vida
e eu buscava sabedoria para ser poeta.
Bença pai, bença mãe!...
Já no apagar das lamparinas,
com o corpo leve como paina
sonhava no colchão de palha.
Com sempre, um anjo derramado do céu
escrevia num quadro dourado,
as últimas palavras de meus pais:
_ Deus te abençoe meu filho!...