Reflexões avoengas
REFLEXÕES AVOENGAS
Vaticina Gibran em lirismo profético
Que “outorgamos amor, e jamais pensamentos”,
Pois não podemos mudar o rumo do vento,
Quando muito alertar a prováveis procelas.
Morem filhos conosco, sob nossa tutela,
Mas não nos pertencem, e sim, à ânsia da vida,
Mesmo assim, vivenciamos a trilha escolhida:
Vibramos co’os louros, nos ferem as mazelas.
Um adágio apregoa no livro da vida:
Permanecem crianças os filhos crescidos,
E prudentes conselhos, jamais preteridos,
São liames que tecem o cendal do afeto;
O que aos filhos se nega, consente-se aos netos,
E o orgulho que aflora, despertando acalantos,
No sorriso avoengo, faz brotar o encanto
Ao ouvir balbuceios num jocoso dialeto.
O ventre fecundo gera o fruto sagrado;
A inocente nudez desconhece o pudor;
E o choro ressoa, demonstrando vigor.
O sangue virente à estirpe enaltece,
E nos tépidos braços, silente adormece
Um anjo terreno que no peito aleitou-se,
E a face vivida, ternamente, deixou-se
Molhar pelo pranto que à existência enobrece.
Jorge Moraes – jorgemoraes_pel@hotmail.com