AO MEU PAI
Ao Meu Pai
Ontem, doze de outubro, foi o Dia da Criança.
Lembrei-me da época em que ainda tinha esperança.
Esperança de que um dia o meu papai chegasse,
muitos doces e brinquedos em minhas mãos colocasse.
Mas nem sempre era possível.
Não permitia a situação.
Sua saúde era precária,
precisava de atenção.
Numa espreguiçadeira, no quintal,
se assentava
E sobre a sua barriga eu vinha me aconchegava.
Ali ficávamos horas, sentados a nos balançar,
Ríamos e conversávamos, esperando mamãe chegar.
Ela vinha do trabalho,
Cansada, trazia o pão,
Que na mesa colocava
Para nossa alimentação.
Quando da primeira vez
em que o homem pisou na lua,
ele, com sua pouca instrução,
sentiu-se, então, enganado,
buscou logo uma explicação:
"Como pode o homem ir à lua
se agora ela está aqui e depois lá?"
Assim ele questionava
o que não sabia explicar.
Um dia ele se foi
e eu fiquei a chorar,
muitas lágrimas em meu rosto
puseram-se a rolar.
E aquela meninha de cabelos cacheados
Pensou: vou morrer de dor!
Por haver perdido na vida
Seu primeiro grande amor.
Mas aí mamãe me disse:
“Foi Papai do Céu quem quis”.
E deste dia em diante
me propus a ser feliz.
Hoje eu estou melancólica,
só saudades, nada mais,
mas da minha felicidade
não abrirei mão, jamais.
Porque sei que lá no céu,
ao lado de Jesus e Maria,
ele, muito feliz,
Está em boa companhia!
©Maria Goreti Rocha
(Vila Velha/ES - 13/12/05)