FACA AFIADA

No meu quarto, sozinha, meditando...

tiro uma teia, arrumo, aspiro pó;

enquanto na vidraça embaciando,

faço versos à vida e sinto dó.

Dó por este meu corpo, sem carinho,

que murcha como planta sequiosa.

Seca, dia a dia, devagarinho,

enquanto abelha sou, laboriosa.

Protegi o meu lar, enquanto pude,

já fui abelha mestra, sem rival.

Por conviver com gente um tanto rude,

ergui muros de pedra, dei-lhes cal.

Sou faca afiada, viro o gume

para quem, hoje, quer fazer-me mal.

POETISA ESQUECIDA
Enviado por POETISA ESQUECIDA em 23/12/2011
Código do texto: T3403949