PARA A MULHER QUE FOI MINHA MÃE
PARA A MULHER QUE FOI MINHA MÃE
Ela veio do interior da Bahia
Para o Rio de Janeiro,
Pés mal calçados, barriga vazia.
Poucas roupas e pouco dinheiro.
Com pouca idade,não tinha com quem contar.
Mentiu na carteira de identidade
porque precisava da maioridade
Pra começar a trabalhar.
Cinco filhos aqui teve,
Um deles,ainda pequeno, morreu
E Maria não fraquejou,
Foi em frente e pelejou.
E para quem muito já sofreu,
qualquer pequena conquista é melhor
do que a dor de quem só na vida perdeu.
Milton já disse que Maria,
Maria é a dor, é o suor
E ela foi tudo isso
Das guerreiras, a maior,
Das espertas a melhor,
Porque Maria sobreviveu.
Essa Mulher chamada Maria
Existe dentro de mim
Nas minhas lembranças
Me colocando a comida,
Me enfeitando as tranças.
Com seu jeito sereno de amar,
atrás de meus sonhos,
entregando-os nas minhas mãos
Para me alegrar...
Às vezes, quando estou triste
Ainda me lembro sozinha e calada,
Dessa Maria que não mais existe
Que me deixou sem colo,
e me deixou nessa vida.
O quanto eu a amava.
Que falta ela me faz!
Maria... Maria descanse em paz.
QUE DEUS ENCHA DE BENÇÃOS AS MÃES QUE SE FORAM E AS QUE AINDA ESTÃO ENTRE NÓS.
RITA DE CÁSSIA
1ª Publicação no Recanto das Letras em 12/05/2007