Sempre Filhos

Quantas mães eu tenho?

Remendos vazios de filho.

Quantas mães eu tenho?

Necessidades de perdão.

Quantas mães me vigiam?

Proibições de ir à contramão.

Quantas mães são eternas?

São eras-eras primaveras.

Elas vêm habitam o reino,

dão-nos leite, carinho, dor.

Mães canguru, mães bolsas.

Mães saltam com filhos.

Floresta amazônica: se

perdem o verde e os filhotes,

ameaçam o mundo de extinção.

Ao dar a luz, a mãe aperta

o bichinho do filho no peito.

Um selo o pequeno recebe:

Um amor para o sempre,

para todo o sempre.

Pode ele navegar mares,

voar céus;

romper estradas;

tornar-se homem;

tornar-se mulher;

que a mãe, envergada de anos,

ainda sorri eterna;

ainda é instinto-canguru

e quer salvar o ar do mundo

no pulmão amazônico.

Quem não sabe?

Quem um dia não

nasceu filho de uma mãe?

de um pai ou de uma mata?

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 25/09/2011
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