Uma Homenagem a Meu Pai.

Vinte e cinco de setembro,

Cinquenta e dois era o ano,

Dava seu primeiro grito

No sertão pernambucano

O Bebê Luiz Gonzaga

Dos Santos, e sua saga

Começou naquele dia.

A história é sofrida,

Mas sua lição de vida

É rima de valentia.

Filho de Josefa Amâncio

E de Antonio Taurino,

Luiz brincou muito pouco

No seu tempo de menino.

Seu Lazer era na roça

Onde a mão ficava grossa

E o suor molhava os panos,

Escola, quase não viu

E de casa, só saiu

Casado, aos 21 anos.

Jesus pôs em seu caminho

Uma donzela serrana

Oriunda de Água Branca,

Na terra paraibana,

Que veio morar vizinho

Nas terras de "Seu Paizinho"

E ele dela se engraçou

Ela também lhe deu bola

E de casa para a escola

O namoro começou.

Com um ano de casados

Nasceu o "primeiro cravo",

Quem diz isso é minha mãe

Pois eu mesmo não me "gavo".

Mas a luta foi pesada,

Minha mãe adoentada

Co'uma gravidez nociva

Meu pai penou pra manter,

Pra que eu pudesse nascer

E mamãe ficasse viva.

Depois nasceram mais dois,

A coisa se complicou,

Meu pai chamou minha mãe

E ela nem retrucou.

Era um tempo muito duro,

Feito um tiro no escuro

Os dois saíram daqui,

Levando seus três pequenos

Pra ver se sofriam menos

Morando em Barueri.

Meu pai conseguiu trabalho,

A viagem não foi vã,

Mesmo tendo pouco estudo,

Fez sucesso na "CONSTRAN".

Mas o destino cruel

Trouxe uma taça de fel

E o filho menor morreu.

Ao ver mãe grávida e chorando

Meu pai acabou voltando

Quando a menina nasceu.

Quando a família voltou

Ao convívio do sertão

Enfrentou dificuldades,

Mas fome não passou, não.

Meu pai trabalhava forte,

Às vezes não dava sorte,

No esforço, o pulso abria

De tanto puxar enxada,

Trabalhando de "empleitada"

Que ele pegava e cumpria.

E outros filhos vieram

Foram nove, no total,

Sendo que dois falaceram

Na idade inicial,

Pelos sete que sobraram

Mãe e pai sempre lutaram,

Enfrentaram seca e mágoa

Quando as "frentes de emergência"

Amenizavam a urgência

De pão, trabalho e de água.

Luiz, como é conhecido,

Sempre lutou, foi guerreiro,

Aprendeu outros ofícios,

Por exemplo, o de pedreiro.

Com a chegada da barragem

Do programa de açudagem

Do governo federal,

Passou a ser irrigante,

Outro momento importante

Da sua luta rural.

Os filhos foram crescendo,

Cada um, sempre ocupado,

Alguém cuidava dos bichos,

Outros íam pro roçado.

Se, um dia, alguém errou

Meu pai nunca o ensinou,

Sempre nos deu bom exemplo,

Demonstrando honestidade,

Glorificando a verdade,

Pois cada ser é um templo.

Há diferença, sem dúvida,

No que eu penso, o que ele pensa,

Mas o que há em comum,

De certo modo compensa.

E o desentendimento

Que houve em algum momento,

Há muito foi superado.

Eu sou um homem feliz

Por que tenho seu Luiz

E Dona marta ao meu lado.

Meu pai é homem de bem

Que gosta de cantoria,

Fez coisas pelos seus filhos

Que somente ele faria.

Com minha mãe ao seu lado

Forma um par realizado,

Cada filho no seu canto,

Vai quem quer pra perdição

Por que a educação

Foi dada do mesmo tanto,,,

Há muito tempo eu queria

Escrever sobre me pai

Mas quando o assunto é forte,

Nem sempre a ideia sai.

Eu lhe agradeço por tudo

E digo que sou sortudo

Por que meu pai é do mem.

Meu papai, muito obrigado,

Agora eu tô preparado

Pra um dia ser pai também.

Em 18/09/2011.

Fábio Luiz
Enviado por Fábio Luiz em 24/09/2011
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