Pais entre Filhos

Estou sentada e olho a mesa

Vazia. Nela só há saudades.

Saudades dos meus irmãos.

Saudades das minhas irmãs.

Meus pais cozem o tempo.

Eles amam a cor do jantar.

O prato imita gente. Sorri.

À refeição: tantos olhos.

Sim! São as cadeiras vazias.

São oito lugares bem vazios.

Eu no canto da mesa: nona.

Lembrando os sons de vozes.

Somos onze e a falta bate.

Cabelos brancos nos pais.

E a hora de deitar, se diz:

Apenas uma única bêncão.

São milhares os dias de uma

vida, de tantas vidas. São.

como um repicar de sino.

As badaladas não terminam.

O que fazer de minha saudade?

Como ocupar todas oito cadeiras?

Meu pai, minha mãe dê-nos a

todos nós bênçãos para sempre

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 02/09/2011
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