MEU PAI
Pai, procuro as palavras
e, logo eu que as uso
com desembaraço
sinto que elas
embargam e procuram
melhor espaço,
Para falar de ti.
Faz muito tempo
que saiste daqui e
partiste para tua longa viagem
Para nunca mais voltar.
Eu não pude me despedir.
Sei pai, que tola, não te compreendi,
pois a vida nos transforma.
Precisei de alguma forma,
seguir meu caminho,
Formar meu ninho.
Pai, tu sabes,
Não foi culpa minha.
Tu me amavas do teu jeito
E, só depois de muito tempo,
fui perceber que quando lhe pegava
escondido, me observando de longe
as coisas que eu fazia, os deveres de casa,
as poesias que eu recitava
na frente do espelho, as músicas que eu cantava,
fingindo que era cantora,
minhas brincadeiras de boneca...
e rias tímido, me admirando secretamente,
essa era forma de manifestar o seu amor por mim,
sua única filha.
Eu sabia que eras meu herói
E de todos também...
Compreendi que fostes à guerra
e no meio daqueles horrores, venceu.
resgatou para nação e para o mundo
a liberdade e o bem.
Fostes digno e honesto
humilde, sério e sereno,
Não eras de me abraçar,
Nem de me afagar,
Teu amor era em silêncio.
Pai, eu não sabia que se amava calado.
Eu não sabia que se podia falar "para dentro"
Eu não sabia que a vida tinha sofrimento,
Eu não sabia que só com o tempo
chegava o tal do discernimento.
Não sabia que precisava tanto
tanto do teu abraço.
Te Amo, pai, até um dia!
Publicado em: 01/08/2006 20:15:45