MATEANDO E ORANDO POR TI

A trote largo vem o dia

E a noite partiu num flete

No mate a mão que faz o topete

É a do gaudério cumprimento

Como uma marca daquele tempo

Em que me fazias costado

Pra um matear bem proseado

Com tom de aconselhamento

E a prosa se estendia

Pelas manhãs de Domingo

E depois de encilhar o pingo

Te alçava para um passeio,

Não sem antes fazer floreio

No lombo do tal “chuvisco”,

Sestroso e meio arisco

Debaixo dos teus arreios

E o tempo passou depressa

Num galope ventania

Cresceste com a mania

De seres sempre um “guri”

E embora andes por ai

Engajado em outras veredas

Em aventuras alpedas

Mateio orando por ti

Já dizem: “mal comparando,

O mundo é uma parelha”

Na raia trocando orelha

Há um desafio, uma richa

Mas apostei minhas fichas

Sobre o meu pala estendido

Pra que de rebenque erguido

ganhe sempre e não te michas

Para lembrares um dia

Em que matearás solito

Pra fazer do que tenho dito

Um velho aconselhamento

E que sirva de ensinamento

Pra quem devas apostar

E que este nosso prosear

Não perca seu seguimento

Quando vejo que fraquejas

E ages como errante

Parece que não foi bastante

Tudo o que pude te ensinar

Mas quero te relembrar

Que com pouca sabedoria

Meu velho pai já dizia

- È nágua que se aprende a nadar

Aqui agradeço ao patrão

da estância celestial

Por poder ser teu buçal

Guiando tua conduta

Preparando tua reculuta

Pra o chamamento da vida

Onde a sorte te envida

Te armando uma arapuca

Um dia estarei contigo

Apenas em pensamento

Mas pedirei neste momento

-Me serve um mate “guri”

pra que eu possa me sentir

sentado ali ao teu lado

e te fazendo um costado

mateando e orando por ti