À nossa cômoda, com AMOR
Ah minha pequena Gabriela!
Não há sono que me impeça de falar de nossa querida cômoda
Que só eu e você entendemos.
Por que ninguém entende
O fato de alguém gastar lágrimas
Com uma caixa de madeira cheia de gavetas.
Mas eu entendo
E compartilho com você essa mesma dor
Embora minhas lágrimas sejam mais contidas
Enquanto as suas são como o fogo selvagem.
Ali tantos sonhos foram embalados
Meus desejos de ser pai pela primeira vez
Quando aqui aportou seu irmão
Era morena a cômoda
Depois foi sua
De um branco impecável
Como a pureza de sua alma
Aquelas gavetas são cheias de alegrias mágicas
Que vieram com você
De onde quer que venham todos os anjos
Seus paninhos de dormir
Suas roupas
As coisas que te identificam
Não é o dinheiro que conta no objeto
Mas o valor das coisas que ficam na memória
Te amei tanto hoje
Nossa cômoda vai embora
Embalar outros sonhos
De outro anjo
Que para ele ela seja boa como foi para nós
Sacrifício da árvore.
Um dia você saberá
Das lágrimas que derramo agora
Sem tentar segurar....
Com amor,
Papai