À nossa cômoda, com AMOR

Ah minha pequena Gabriela!

Não há sono que me impeça de falar de nossa querida cômoda

Que só eu e você entendemos.

Por que ninguém entende

O fato de alguém gastar lágrimas

Com uma caixa de madeira cheia de gavetas.

Mas eu entendo

E compartilho com você essa mesma dor

Embora minhas lágrimas sejam mais contidas

Enquanto as suas são como o fogo selvagem.

Ali tantos sonhos foram embalados

Meus desejos de ser pai pela primeira vez

Quando aqui aportou seu irmão

Era morena a cômoda

Depois foi sua

De um branco impecável

Como a pureza de sua alma

Aquelas gavetas são cheias de alegrias mágicas

Que vieram com você

De onde quer que venham todos os anjos

Seus paninhos de dormir

Suas roupas

As coisas que te identificam

Não é o dinheiro que conta no objeto

Mas o valor das coisas que ficam na memória

Te amei tanto hoje

Nossa cômoda vai embora

Embalar outros sonhos

De outro anjo

Que para ele ela seja boa como foi para nós

Sacrifício da árvore.

Um dia você saberá

Das lágrimas que derramo agora

Sem tentar segurar....

Com amor,

Papai

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 15/07/2011
Código do texto: T3098140
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