Ao meu pai.
Casa simples de madeira
No quintal as bananeiras
Lembro a rua onde eu corria
Desde cedo ao fim do dia
Bate no peito a lembrança
Do meu tempo de criança
Tudo era casto e perfeito
A vida era só esperança
Quando a noite caia
Meu herói aparecia
De farda azul em alinho
Abraçava-me com carinho
Corpo rijo, olhos ternos
Manancial de amor eterno
No sofá da sala sentava
E muita história contava
Lembro do velho violão
No canto da sala guardado
Toda tardinha era tocado
Bons fados e muita emoção
Muitos anos se passaram
Os bons momentos ficaram
Retidos na minha memória
E no livro da minha história
Devo-lhe bem mais que a vida
E sempre será meu herói
Pra sempre meu porto seguro
Conforta e dá-me guarida.