Meu Testamento
MEU TESTAMENTO
Jorge Linhaça
Deixo meus olhos àqueles dois que não possam ver a poesia.
Deixo meu coração, já um tanto cansado e dorido, a quem possa dele fazer ainda bom uso e quem sabe amar incondicionalmente.
Deixo meus rins àqueles que precisam filtrar as agruras...
Deixo meu fígado àqueles que precise de bom humor.
Deixo minha pele e tecidos ( o que se possa aproveitar) aos que precisam vestir suas carnes expostas.
Meus cabelos que virem perucas.
Deixo meus ossos a quem os possa aproveitar de alguma maneira.
Deixo o pâncreas, o baço, a bexiga ,pulmões, testículos, medula e o que mais de possa aproveitar para quem quer que deles possa fazer bom uso.
O pouco que ainda possa restar, enterrem em cova rasa, sem caixão, assim evita-se o desmatamento e deixe que os vermes e insetos desfrutem de seu lauto banquete, afinal , por mais horripilante que possa parecer a alguns, minha matéria permanecerá ainda existente em muitas formas de vida.
Na natureza, nada se cria, tudo se transforma.
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anjo.loyro@gmail.com
Arandu, 20 de março de 2011