Perfídia Desmedida !...
Perfídia Desmedida !...
Caminhava lenta, lentamente
Como alguém que só passeava
Era o peso da vida, certamente
Na bandeira dos dias que empunhara
Aglomera todos os pertences seus
Num fardo que nas costas carrega
Entre eles cópia da doação aos seus
Com reserva de usufruto, boa e cega
Seus filhos acionaram a justiça
Alegando posse velha a seu favor
E o pobre do ancião aguarda a liça
Na mesma lentidão com que caminha
Passam dias, passam anos, tudo igual
E a trôpega justiça mal se arrasta
O rico fazendeiro, mendigo é igual
E seu gado na fazenda, manso pasta
Seus filhos da lei usam os benefícios
Que é capenga, cega e demorada
Jogaram o pai em tremendos sacrifícios
E o processo, aceita coisa errada
A justiça limita-se a papelada imensa
Não dá crédito muitas vezes ao credor
Nem sequer o direito do que pensa
E esse paga o abuso do devedor
E o ancião, que caminhava lentamente
Caminhando no passo da justiça
Um dia encontrará a morte, certamente
Sem ver o desfecho dessa liça !
Porangaba, 30/03/2011
Armando A. C. Garcia
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