05 CARRO DA MADRUGADA
É madrugada.
Sem sono, ouço o carro passar na rua.
Viajo no tempo em minha mente fecunda.
Recorro ao coração.
Recordação.
Vejo-me no quarto de meus pais.
Ao meu lado minha mãe dormindo profundamente.
O lugar de meu pai na cama, vazio; fora viajar.
O abajur aceso.
Lá fora o mesmo barulho de um carro ao passar.
Volto ao presente.
O menino que fui, hoje é pai também.
Ao meu lado outra mulher, a mãe de meu filho.
Meus familiares agora são outros.
Em meu peito, saudades dos que já se foram,
satisfação por outros que chegaram.
O barulho do carro que passou já vai longe.
O abajur aceso.
É madrugada.
Leonardo Lisbôa,
Barbacena, 31/01/1998 Sábado, 0:01h.
POEMA 01 - CADERNO: TRANSMUTAÇÃO