05 CARRO DA MADRUGADA

É madrugada.

Sem sono, ouço o carro passar na rua.

Viajo no tempo em minha mente fecunda.

Recorro ao coração.

Recordação.

Vejo-me no quarto de meus pais.

Ao meu lado minha mãe dormindo profundamente.

O lugar de meu pai na cama, vazio; fora viajar.

O abajur aceso.

Lá fora o mesmo barulho de um carro ao passar.

Volto ao presente.

O menino que fui, hoje é pai também.

Ao meu lado outra mulher, a mãe de meu filho.

Meus familiares agora são outros.

Em meu peito, saudades dos que já se foram,

satisfação por outros que chegaram.

O barulho do carro que passou já vai longe.

O abajur aceso.

É madrugada.

Leonardo Lisbôa,

Barbacena, 31/01/1998 Sábado, 0:01h.

POEMA 01 - CADERNO: TRANSMUTAÇÃO

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 28/03/2011
Reeditado em 25/10/2016
Código do texto: T2875377
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