Luz
Apalpei a luz,
O brilho não escorreu por entre meus dedos,
Mas respingos de feixes e clarões saltaram de encontro ao breu
Alojado em diferentes crostas de meu coração...
E lá...
Cauterizaram as feridas feitas de sombra, escuridão e silêncio.
A luz cujas bordas seguro
Servem de esteio aos diafragmas dos meus sonhos,
Suspensos no cemitério de estilhaços e de sons ensandecidos
Entoados pelo vento eremita que erra no vale de meus desencontros.
A luz cujas formas distingo
Sussurra um matiz de esboços,
Ora reescrevendo o formato do traço acolhido na extensão do sorriso que ama;
Ora incrustando um contorno de paz à alma que aprendera a orar por meio do toque.
A luz que apalpa minhas mãos
Leva calor à derme, outrora cristalizada, de minhas emoções,
Brisa nos instantes de trégua,
Reflexo à essência que às vezes se esquece.