O APRENDIZ
O APRENDIZ
Os teus desejos são tão sutis à minha mente lógica;
Ilogicamente eu não entendo as tuas necessidades emocionais
Mas tu és forte no teu jeito de comunicar
Surdo, sou; não interpreto tua mensagem,
Tu ao meu lado, com as tuas peraltices,
Em tudo, querendo chamar a minha atenção;
Tu apanhas qualquer papel, plástico, disquete, cd, tecido...
Que bagunça filho! Deixa-me em paz. Já ti falei dez vezes...
Filho surdo eu sou!
Surdo para o teu mundo infante. Para as tuas “falas”:
Papai eu quero defecar; papai qual o nome? Papai eu quero teclar também.
Papai fica quieto quero limpar teu cabelo.
Papai eu quero tapar os teus olhos
Papai eu quero ficar aí no teu colo
Filho me perdoe, pois eu não consigo ler os teus desejos,
Sou adulto demais para as tuas necessidades de carinho
Filho agora eu ouvi o teu pedido:
Tu queres atenção, queres abraços, queres colo; queres beijos, queres minha voz; minha atenção. Tu me queres, queres o pai que está tão próximo; mas distante.
Esse aprendiz de pai te pede perdão.
Filho senta no meu colo;
Meche no meu cabelo;
Veda os meus olhos;
Tecla comigo; navega comigo;
Meche em todos os papéis...
Tu me matas de vergonha dizendo:
Meu coraçãozinho eu te amo!
Me da licença meu coraçãozinho
Meu papai, me da, meu coraçãozinho.
Com a mão no peito tu dizes: você ta aqui, meu coraçãozinho.
Filho quando eu te amei esquecestes de ir ao sanitário.
A tua dor filho, não era de barriga, era de amor não correspondido,
De aconchego não retribuído.
Tua dor era de um pai ausente, bem na tua frente.
Tua dor era dor de desatenção por parte de teu pai.
Filho eu sou novo nessa função de pai
Prometo rever os conceitos
Vou esforçar para te amar com o meu tempo
Para te amar com os meus beijos
Com os meus abraços;
Comigo.