Pretéritos [Parte XIV]: Fraternal (às sete)
Fraternal
[às sete
Veio a escuridão das sete horas
Com aquele silêncio bagunçado;
Música baixinha vem surgindo ao fundo,
Os cobertores desarrumaram nosso leito
É a calmaria confusa das sete horas!...
A televisão ameaça piscar programas
Mas nada com efeito
Estamos à deriva dessa hora.
Deitados na cama, donde se pode ver,
Sem nenhum esforço,
A noite metade estrelada
Obturada por telhados
E antenas aparelhadas.
Um pouco abraçados,
Sorrimos em minutos.
Lá fora, gargalhadas de estudantes
Quebram algum medo.
Postes se acendem,
Sentimos o vento,
Estipulam-se os planos para mais tarde
Quem sabe um telefonema às oito.
Junto à janta, tem seriado antigo
No canal de dez anos nossos.
O prato pode ser macarrão
Só não se esqueça de ligar a tevê
Que ficava em cima da geladeira
Embaixo da campainha da cozinha!
Antes, vamos pra varanda,
Ver as meninas do colégio passarem.
(Poema provavelmente escrito entre 2002 e 2004)