UM FILHO CHAMADO "ABORTO"

Mamãe! Que zoeira é essa

Que me passa pelos ouvidos?

Sei que você não me aceita

E quer de mil modos

Explodir-me a cabeça.

Mas, mamãe! Seja coerente!

Sou uma bola disforme

Porém gente.

Vou ficar bonitinho,

Você vai ver.

Prometo ser bonzinho

E não fazer estrepolias;

Esta agonia me mata lentamente

E nada posso fazer.

Lance esta idéia fora!

Sou mais importante que esta droga,

Deixe-me nascer.

Sei que a vida é difícil,

Não é fácil ser mãe.

Sei que o homem que me gerou

Estava bêbado e explorou você.

Sei que você estava inconsciente

Mas abra os olhos, mamãe!

Eu quero nascer.

Prometo ajudá-la

Quando as névoas da velhice

Cair em teus cabelos.

Não me impeça de vir ao mundo!

Sei que ele é nojento e sujo

Mas lutaremos contra ele.

Mamãe! Já amo você.

Deixa eu ser teu amigo!

A gente vai sofrer

Mas dá-se um jeito...

Não fique inventando desculpas.

Sei que você vai sofrer muito,

Que irá carregar-me a vida inteira;

Irão cuspi-la, enxotá-la,

Olharão você de lado

Só porque é mãe solteira.

Mas, vou recompensar tudo isto

E juntos haveremos de vencer.

Mamãe! Eu não quero ir ao lixo.

Por favor! Deixe-me nascer!

Vivianna di Castro
Enviado por Vivianna di Castro em 12/10/2010
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