Pai

Recostado na poltrona

marrom conhaque,

pernas envoltas na

manta xadrez, pele

conhecida pelo sol,

rosto que a vida

escreveu sua história,

mãos calejadas e

tenazes, seus olhos,

luzidios pela claridade

da luminária vermelha,

convencionam satisfeitos:

dever cumprido!

Os anos passam e

seu corpo murcha.

Tal à flor de lavanda

que, quando inicia a

murchar mais intenso

fica seu perfume,

o odor deleitante

de meu pai,

recheia todos os

espaços atmosféricos

de nossa casa.

No lado de fora,

a chuva escorrega

pelo vidro canelado

do agradável atelier.

A terra absorve a água

voluptuosamente e

sem pressa.

O romântico Chopin

expressa macio sua

singular voz noturna.

Meu pai ouve e sorri.

É feliz e tem consciência!

Odacardo
Enviado por Odacardo em 23/07/2010
Código do texto: T2395429
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