No sítio onde nasci...

No sítio onde nasci...

Não havia lâmpadas elétricas...

Existiam apenas lampiões...

E lamparinas de querosene...

Mas o céu, à noite,

Era mais cheio de estrelas...

E o clarão da lua era mais intenso...

Ouvia-se o som de cigarras,

Os grilos entoavam suas músicas noturnas...

Meu pai e minha mãe vinham na minha cama

Dar um beijo de boa-noite

E desejar belos sonhos...

De manhã, ao acordar,

Eu tinha que caminhar muito

Para ir à escola...

Ficava a alguns quilômetros de casa...

Meus irmãos iam comigo...

Às vezes íamos a cavalo,

Outras vezes de bicicleta...

A professora era mais brava...

Não aceitava conversa alguma...

Durante a aula que ela ministrava...

Mostrava-se até feroz de vez em quando...

Na volta, comíamos frutas das árvores,

Que estavam pelo caminho...

Ao retornarmos, sentíamos o ar puro do campo...

À tarde, tinha de trabalhar na roça,

Colher algodão ou plantação de café...

Uma vez uma cobra passou pelos meus pés,

Uma coral, quase me mordeu...

Mas eis que sobrevivi...

Não só dos perigos da vida,

Como das tempestades que vêm...

Meu nono era um ser maravilhoso,

Chamava-se Agostino, italiano de Nápoles...

Olhos azuis, cabelos claros, parecia um alemão...

Eu comia as polentas que minha nona fazia...

Ela me tratava como alguém especial...

Mudei-me para a cidade de Sorocaba...

Fui morar perto de Votorantim...

Do sítio fui parar em cidade grande...

De áreas rurais passei para a selva de pedra...

Deixei para trás toda minha infância...

Ficaram as saudades do tempo de criança...

Baseado nas coisas que minha mãe contava para mim...

Wanderson Benedito Ribeiro
Enviado por Wanderson Benedito Ribeiro em 17/06/2010
Código do texto: T2325339
Classificação de conteúdo: seguro