FANAL
No mundo me sinto estrangeiro...
Um ser desdenhado e sem voz;
um homem sem nada nas mãos
olhando pra fúria do algoz
que nega com riso contente
o pão para mim, facilmente,
pois fecha o portal logo após.
A dor do meu filho é atroz
ao ver na vitrina um produto,
pedir para mim com sorriso
e ter belo "não" por tributo
do pai que se diz amador,
sincero, singelo, senhor,
mentor, protetor do homem bruto...
À noite o meu pranto é um luto...
A Deus peço paz e clemência,
que tire de mim a maldade;
que dê para mim paciência
pra ter rigidez no momento
de dor, onde o meu pensamento
não quer mais a própria existência.
Medito na minha vivência...
A mente parece um cinema
que mostra ventura no tempo
que tudo parece problema
e sobem letrinhas felizes
fechando vitais cicatrizes,
mostrando o farol, diadema...
Porem meu viver é dilema
de luto, de dor, sofrimento
por tanto pedir a justiça,
salário que dê pro alimento;
de tanto pedir teu carinho
na alcova singela do ninho
e ter por resposta: "- Lamento..."
Na fuga do triste momento
ensaio pegar outro trilho:
abraço o mundão com as pernas
e amarro com tênue fitilho;
após vejo cândido ao lado
me dando sorriso dobrado
um anjo com nome de filho.
Abraço-o... Meus dentes serrilho
pensando: a rainha vilã
só quer ver meu mal todo dia,
jamais vai me dar o amanhã;
a dona da casa não quer
ser minha deidade e mulher,
pois nunca se deu com afã.
Porem neste mundo sem fã
ao qual eu me sinto estrangeiro
busquei minha força em meu filho
que não tem valor financeiro,
mas tem um sorriso divino
que tira qualquer desatino,
tornando-me bravo guerreiro.
06/04/2010 5h45