AO MEU NETO ( * )
Movido pelo prazer de viver
Me pus a pensar
Do decorrer dos tempos
Fiquei a meditar.
Dei um balanço na vida
Lembrei da infância querida
Lá na casa dos meus pais
O monte de arvoredos
Os passarinhos, os brinquedos
Debaixo das laranjeiras
As mexericas gostosas
As flores, o cheiro de rosas
As grandes mangueiras
Lá em cima, no infinito
O balanço tão bonito
Das folhas das palmeiras.
Eram tantas brincadeiras
Nossa bola era uma lobeira
Também jogava peteca
Carrinho de cocos de cuia
Brincava de esconder na tuia
Minhas irmãs tinham bonecas
Todas feitas de pano
Com toda felicidade
Nossas vidas foram passando.
Se foi o tempo de infância
Veio minha mocidade
O meu pai Deus o levou
Quando eu tinha pouca idade.
Dando o duro no batente
Trabalhando no pesado
Não achava a vida dura
Cuidando bem do roçado
Fazendo grande fartura
O engenho de pau, moagem de cana
A gostosa rapadura.
O transporte da colheita
Naquele tempo era feito
No herói carro de bois
Falo com todo respeito
Lembro a boiada carreira
Minha fiel companheira
Sinto um arroxo no peito.
As águas foram rolando
O destino preparando
Aquelas surpresas da vida
E no meu caminho eu via
Que uma prenda aparecia
A minha jóia mais querida.
Fomos juntos ao altar de Deus
Juramos de nos amar
De vivermos um para o outro
Só Deus vai nos separar.
Então vi assim minha vida
Um mar de felicidade
Todos os sonhos que eu vivia
Com certeza eu sentia
Tudo virou realidade.
Cultivando o jardim do amor
Eu e ela a sonhar
Nos sonhos nem percebia
Que uma flor aparecia
Para nosso jardim enfeitar.
Veio assim o primeiro filho
Nossas vidas teve mais brilho
Não posso nem comparar.
Vendo o filhinho crescendo
E seus irmãozinhos chegar
Florescendo mais o jardim
E nossas vidas enfeitar.
E como foi com meus pais
Meus filhos também cresceram
As plantas do meu quintal
Com os anos floresceram
Dando frutos para o sustento
Daqueles que as plantaram
Retribuindo a recompensa
Pelas mãos que às cuidaram.
Da flor nasce o fruto
Do fruto nasce a semente
Da semente outra planta
Mais uma vida presente
Assim veio meu netinho
Para a alegria da gente.
Vejam em toda esta história
Sessenta anos se passaram
Vou passar à meu netinho
O que os anos me ensinaram
Para ser feliz na vida
Aprenda isto certinho
Tenhas cuidado na vida
Saiba evitar os espinhos
E valorize as flores
Que enfeitam seus caminhos.
Vivendo alegria e o amor
Terás paz completamente
Mas divida-a com outros
Não devemos querê-la só pra gente.
Então ensinei tudo certinho
Ao netinho que quero bem
Se o vovô te ensinou
Ensine aos outros também.
( * ) A referida poesia é de autoria de ( Manoel da Silveira Corrêa - conhecido em Vazante-MG como: Manoel da Tunica). Disponível em: http://rogerioscorrea.blogspot.com