Família – As duas faces 2
Hoje sem querer, passei pelo bairro onde cresci
Vi um terreno que hoje não tem nada
E me lembrei da felicidade que ali vivi
Pois antes era o campinho de futebol, que papai me levava
As lembranças começaram a se aflorar
Um misto de angustia e alegria
Me fazia rir e chorar
Minha infância foi repleta de beleza e magia
Mamãe gritava me procurando
Quando eu demorava a voltar
Ela saia me chamando
E voltava comigo, pelas orelhas a me puxar
Reunidos no domingo, em nossa casinha
O jardim, o portão de madeira
Era abri-lo e meu cachorrinho, até mim vinha
Ah! Minha felicidade não era meia, era inteira
Minhas irmãs, que tanto me amavam
Na escola, no lar, sempre comigo
Em tudo me apoiavam
Minhas amadas, meu abrigo
Fui crescendo, e minha aparência foi mudando
O cabelo estilo tigelinha, que mamãe caprichava em pentear
Acabou por desaparecer, assim como a criança que foi se acabando
Para dar lugar ao Homem, que responsabilidades haveria de ganhar
Porem, mamãe não deixou de me ver como seu filhinho
Papai virou meio resmungão, mais vaidoso, cuidava da aparência
Dizia a minha genitora querida, ele já está bem grandinho
E escondia os cabelos brancos, como se para mim, isso fizesse diferença
Se orgulhara quando no judô, ganhei minha primeira medalha
Me abraçou e olhou em meus olhos e não falou mais nada
Aquele amor me envolveu e me senti leve feito palha
Olhei para minha mãe que chorava, extasiada
E foi no dia de minha formatura, que papai morreu
Eu ao lado de mamãe, a apoiando em todos os momentos
Disse ao meu querido pai, ninguém te amou mais do que eu
Guiarei os passos de mamãe, que já foram rápidos, mas hoje estão lentos
Minhas irmãs me abraçaram forte, muita união
Nossas auras estavam acesas e iluminavam o local
Foi graças a esses momentos, que hoje tenho em meu coração
Família a cada dia se amplia, e o amor por cada membro, deve ser igual.