A MINHA OUTRA IRMÃ...
Das minhas traquinagens
Era ela a companheira.
Por ser a segunda a nascer
Penou em minhas mãos.
Dizia: “Vamos ver vovó?”
Se a resposta fosse: não!
Não importava
Eu a levava
Pelos cabelos
A arrastar!
Brincávamos de tudo
Nas árvores
Fazíamos nossos palácios
O jardim
Era só...
A fazenda toda!
Bichos a mugir,
Cavalos a subir,
Pastos a correr,
Rios pra banhar,
Arte a fazer!
Ah! Que beleza...
É a infância
Da gente
Na natureza!
Ela era brava
Sempre foi
Numa dessas
Brabezas...
Mamãe deixou-a
Pra trás
Não a levou
Aonde ia
E brava ela ficou!
Só de birra
Ela afundou
O braço
No tacho
De doce quente!
Socorro gritou
Toda a gente!
Ah! Que sofrimento
Foi muito tempo
Pra recuperar
Pois quando o braço mergulhou
No tacho de doce
A pele em luva
Lá ficou!
Que desperdício!
Disse Vanda
A reclamar!
Numa outra ocasião
Ainda pequeninas
Saímos pra caçar
Onça-pintada
Que havia comido
O gado!
Papai morreu
De medo
Pois depois
Que nos achou
Descobriu
Que a danada
Estava na árvore
A nos observar
E que só
Não viramos papa
Porque a danada
Já tava saciada!
Ela é brava
É durona
Mas quando precisa
É só chamar!
Cai da escada
E ela veio socorrer
No hospital
Enquanto o médico
Apertava
E eu gritava
Olhei pra ela
E pude ver
Ela segurando
O choro
A rezar!
Às vezes eu brigo
Com ela,
Ela briga comigo
Mas uma coisa
Eu sei
Ela me ama
Também!
Eu sou
Mais velha
Tirei carteira
E dirijo pouco
Tenho medo...
Ela desde
Menina se tinha medo
Enfrentava
E vive dizendo
Confia em Deus
E pé na estrada!
É durona
É brava
Mas é gente
Boa!
De seu filho
É maezona!
E também é lutadora
Não desiste
Não arreda
Sempre insiste
Seu segundo nome
Vencedora!