Um piano sem o pianista (estes teclados de hoje)

Minha tia e a tecnologia

Sempre sonhou-se ao piano

Ao longo de todos os anos

Arrancando sonhos do teclado

Um tributo que lhe foi negado

Dedos e mãos não foram talhados

Para o deleite de uma platéia

O mercado proveu-lhe o encanto

E um teclado ornado de azaléias

Daria ritmo a seu desafinado canto

Passou a fazer parte da mobília

Que acomodaria toda a família

Para encher o silêncio de som

E quando do inocente instrumento

Cumpriu-se um velho juramento

A música encheu o mundo que a cercava

No meio da inesperada audição

Como se em gesto de contrição

Retirou-se, como se a indagar o talento

E como magia ou até mesmo alento

A música o instrumento mantinha

Mesmo sem o comando da pianista rainha

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 19/11/2009
Reeditado em 19/11/2009
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