Um piano sem o pianista (estes teclados de hoje)
Minha tia e a tecnologia
Sempre sonhou-se ao piano
Ao longo de todos os anos
Arrancando sonhos do teclado
Um tributo que lhe foi negado
Dedos e mãos não foram talhados
Para o deleite de uma platéia
O mercado proveu-lhe o encanto
E um teclado ornado de azaléias
Daria ritmo a seu desafinado canto
Passou a fazer parte da mobília
Que acomodaria toda a família
Para encher o silêncio de som
E quando do inocente instrumento
Cumpriu-se um velho juramento
A música encheu o mundo que a cercava
No meio da inesperada audição
Como se em gesto de contrição
Retirou-se, como se a indagar o talento
E como magia ou até mesmo alento
A música o instrumento mantinha
Mesmo sem o comando da pianista rainha