Corpo no chão
Corpo inerte no chão
Olhos vítreos, esgazeados
Olhando, jurando, desejando
Um socorro, uma ação
Perto, soluços abafados
Multidão acompanhando
Da multidão surge um murmúrio
Vozes que se levantam
Indignadas, revoltadas, a sofrer
Irrompem em perjúrio
Braços erguidos se levantam
Na ânsia de socorrer
Tarde! Muito tarde
Nada poderá ser feito
Mais uma vítima alvejada
Assassinato sem alarde
O crime parece perfeito
Não há provas que levem ao autor, nada
Ninguém quer expor a verdade
Declarar o ocorrido
Por medo de represálias, castigo
Apóiam o criminoso covarde
São egoístas, pensam no próprio umbigo
Se isentam. Não foi comigo
Em terra bruta, sem lei, sem amor
Corpos estendidos no chão
Expondo a brutalidade humana
Infringindo demasiada dor
Causando intensa aflição
Numa fúria cruel, desumana