Moleque de rua
Teu rosto sombrio de criança pobre
Vem pelas calçadas medigando pão.
“Pensas contigo –” tomara que do rico sobre
Umas migalhas para minhas mãos.
Olhos fundos sem ter esperanças.
Pouca idade. Que má sorte a tua.
Pareces velho e não mais criança.
A injustiça que te pôs na rua.
Vais vagando, olhando as paredes
Dos confortáveis Supermercados,
Que tudo tem para matar tua sede,
Mas, no entanto, te negam bocados.
Sentas na praça de tua cidade
Olha as pessoas que estão a passar!
Crianças gordas de tua idade.
Brincam na praça. – Vamos brincar?
Elas não sabem o que te corrói,
A fome, a peste e tanta desgraça.
O mundo não sabe que teu coração dói.
Tão pouco a morte que te ameaça.
Ficas olhando este vai e vem
Na doce vontade de querer mudar.
Ter na terra uma parte também,
Porque nos céus, tu já tens lugar.