AMO-TE PAI!
Queria fazer-te um soneto, pai
Um poema maravilhoso e lindo
E lá coubesse tudo que sinto
Mas ai, meu pai, estou triste
De te ver nessa cama de hospital
A lutar com todas as tuas forças
Para vencer a doença e o mal
Ninguém tem um nome para ela
Para a doença que te atacou pai
Falam mas não dizem a verdade
Escondem de nós a complexidade
De todos os problemas em ti, pai
Mas seja como for és um lutador
Mesmo na alucinação da febre
Lutas com toda essa galhardia
E vais melhorando dia para dia
Em breve estarás de volta a casa
Para tratares da tua horta e jardim
Para viveres os teus dias um a um
Com serenidade no teu cantinho
Sentado debaixo do pessegueiro
Com calma lá no teu banquinho
Enquanto as pessoas passam na rua
E te saúdam sempre com carinho
E eu estarei contigo para te cuidar
Dar-te o meu braço para te apoiar
Conversar contigo para te distrair
Falar dos tempos que não voltam
Da chuva, dos coelhos, da horta
Dos tomates que estão maduros
Das couves que estão a crescer
Das estrelas no céu, na via láctea
Que me mostravas em criança
Quando me ensinaste a sonhar
Quando me cantavas as canções
Do barqueiro, recordas-te pai?
Agora que estás cansado meu pai,
Quero ficar contigo na nossa casa
Esquecer as mágoas e tristezas
Ouvir as tuas antigas recordações
De quando andavas longe, a serrar
De tudo que lá tinhas que passar
E depois quando andavas a namorar
Uma rapariga de lá mas era tão longe
Que ficaste com a mãe para casar...
Pai agora apenas te quero dizer
Continuo a ter muito orgulho em ti
Dos teus ensinamentos sobre a vida
De sempre seres um homem lutador
Integro, amigo, honrado e respeitador
E poder dizer sempre que fui digna
Dos teus ensinamentos e do teu amor!
(Este poema é dedicado ao meu pai, que continua a sua luta pela vida, com muito amor e admiração)