Mãe
Mãe, você partiu para longe...
Eu não sabia que iria para o distante...
Nem ao menos pude me despedir...
E não disse um adeus!
Foi de repente a sua partida...
Numa noite de janeiro você se foi...
Aqui ficaram cinco filhos chorando...
Todos juntos se lamentavam...
Vendo as coisas que você escreveu...
E tudo que você deixou para trás...
Quando cheguei, você estava caída ao chão...
Deitada no frio do quarto...
Eu já percebi que não era um desmaio...
Lá não chamou a ninguém...
Não deu tempo nem de bater na parede...
Bem que eu tentei fazer massagem cardíaca...
Mas você já estava pálida e fria...
Acho que nem deu tempo de sofrer muito...
E passou rápida a agonia...
Não sei se vamos nos ver de novo...
E tudo é incerto no mundo das esperanças...
Sei que não foi para o céu...
Mas está dormindo profundamente...
Quem sabe algum dia a gente se abrace novamente...
Eu devia ter falado que amava muito a senhora...
Mas eu pensava que você jamais morreria...
E que sempre estaria aqui conosco...
Sem a senhora, sinto-me sozinho...
Falta a sua companhia tão querida...
Parece que você nos abandonou...
Mas não foi por que quis...
Foi a morte que a enlaçou...
Ela não tem pena de ninguém...
Lembro-me que você tinha muito medo de morrer...
Que tomava remédios e se cuidava...
Que ia ao médico com freqüência...
Entretanto, no fim, a senhora teve de ser forte...
Talvez já esperasse pela morte...
Recordo-me que tratou-me muito bem,
Desde pequenino me amparava...
Fazia uma comida deliciosa...
E cozinhava muito bem...
Era enfermeira, costureira, professora,
Enfim, um pouco de cada coisa...
Foram cinco os seus filhos,
Do qual eu sou o quarto...
E todos nós a amávamos muito...
Hoje digo-lhe adeus!
Porque não pude dizer isso antes da sua partida...