Quando sublimamos o amor dos pais

Existem momentos na vida

Em que não importa o ano

O mês

O dia

A hora

Importam os minutos

Um minuto

Tenho 50 anos

Meus pais 70 e tantos

E eu vivi com eles algum tempo atrás

Um momento de amor e de encanto

Havia morros cobertos por verdes de tons variados por todos os lados

Inúmeros tons

Escuros, claros, verdolengos

Árvores majestosas

Pássaros brancos voando em planura suave

Árvores frondosas espigadas para fora de seu leito

Em meio ao verde

Como que brotados dos pensamentos de um pintor de sonhos

Ipês roxos e amarelos

Se sobressaiam formando um tapete nas encostas dos morros.

Nós caminhávamos por uma estradinha de chão batido

Nas beiradas pássaros se proseavam, borboletas em vôos de reconhecimento

Flores amarelas, vermelhas, brancas, azuis

Goiabeiras e araçás

E as curvas se despediam nas retas

E as retas se escondiam nas curvas

Mas depois se uniam

Como em nossa vida se formam os labirintos

E dos labirintos fugimos para encontrar

A nossa vida de liberdade e de amor em nós mesmos

Que está em nós

Porém recolhida

Acuada pelo mundo ágil

Nem um pouco escrupuloso

Ou benevolente

Que nos leva adiante do jeito que dá

Estávamos juntos meus pais e eu

Um jovem de 50 anos

Que ainda ontem visitava aos seus avôs na garupa de uma bicicleta velha

Ao lado de seus pais ainda jovens aos 70 e tantos

Que falavam de seus planos enquanto pedalavam

Na escuridão de uma noite de estrelas

Conversávamos sobre temas variados

Nos deleitamos neste ambiente

De natureza exuberante

Num convívio de pura magia entre nós

De conversas macias

Onde sentíamos a presença de um no outro

Em nossos pensamentos, em nosso querer

Numa caminhada que poderia nunca mais parar

Poderíamos seguir sempre juntos por aquela trilha

Conversando, olhando, admirando,

Mas porque Deus isto deve terminar um dia?

Porque deveremos guardar somente lembranças em nossos corações?

Por que temos que mudar de companhias

Ou por que temos que ficar sozinhos meu Deus?

Onde erramos ou onde pecamos Senhor para tanta indiferença para conosco?

São recordações que jamais serão esquecidas.

Foi um momento sublime

Como quando os Anjos se aproximam

Direcionam nossos olhares

Abrem os nossos corações

E ali mostram as trilhas e as pegadas do amor

Que ficaram para sempre

Nós continuamos nossa caminhada

Até o nosso destino numa casa à beira-mar

A singeleza deste dia foi sublimada em meu coração

Para sempre como um bálsamo para os momentos que virão

Robertson
Enviado por Robertson em 29/05/2009
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