COVIL
Quando os homens abandonarem
o aconchego das cobertas e a comodidade do cansaço
descerem das camas quentes, sentando na beira da calçada
nas madrugadas geladas para admirarem a lua e as estrelas
talvez, sejam mais felizes
Mas, infelizmente não é assim
somos filhos da pressa apressada
suamos enlatados nos coletivos
brigamos todos por um lugar ao sol
Minha casa já não me pertence
meus filhos não conheço-os
amor feito às pressas
sem gozo, sem calma
obrigação, nada mais!
As ruas passam, os meses, os anos
continuamos na mesma
as luzes dançam em ritmo acelerado
Metrópole, Megalópole
qual lobo ferido e acuado
perdido na selva medonha
gravata e terno de aparências
relógio-ponto, senhor implacável
café amargo, antídoto sereno
cercas e muralhas de papéis-oficio
Nós lutamos contra o tempo.