A CASA
A CASA
Victor Jerónimo
Era noite de inverno...
Na serra a neve caía
Muito lentamente
Num embalo sereno
Quais flocos alegres
Esvoaçantes
Não querendo chegar...
Ao fim.
Havia uma casa
Onde a lareira...
Crepitava
Tentando aquecer...
O frio
A casa...
Era enorme
Com muitos quartos e salas
Por onde o frio entrava
Sem pedir licença.
Tão fria era a casa
Que a lareira gelava
Nessa casa...
Habitava um homem
Muito só
Em solidão
Onde só o amor e...
Carinho dessa casa
Lhe amainava o coração.
Nessa casa
Onde a lareira...
Crepitava
Tentando aquecer...
O frio
Todas as noites...
Com um frio espesso
A solidão do homem amainava
Pois ele tinha na sua frente
A mulher
Que tanto...
Amava.
Mas...
Oh deuses dos deuses
Ele não podia tocar-lhe
Como se fosse
Um suplício de Tântalo
Sem a puder...
Acariciar.
Era assim nessa casa
Onde a lareira...
Crepitava
Tentando aquecer...
O frio
A Primavera chegou...
Com ela, as neves
Transformaram-se,
Em água.
E criando caminhos
Desceram alegremente
Beijando a terra.
A terra...
Agradecendo
Começou a dar os seus
Frutos
Transformando-se
Numa alegria de cores...
E sons.
O Verão chegou...
E com ele o amor.
Frustração, ânsia, decepção
Tristeza e...
Solidão
Tudo enfim
Terminou.
Naquela manhã...
Serena
De muita luz e cor
Um anjo...
Desceu dos céus e veio à terra
Amar, e...
Ter amor.
Um encontro
Um sorriso
Um beijo
Uma lágrima.
E a solidão...
Terminou!...
Agora...
Aquele homem
E aquela mulher
Vivem felizes
No céu
Que finalmente
Encontraram.
Na casa
A lareira...
Aqueceu