Nossa infância

Quando do céu em investida

ouvires um fino estrondo

Como um tiro de festim

E o relâmpago com seu flash

ao cronômetro conceder férias,

se por acaso lembrares de mim

Das brincadeiras da infância

Daqueles primeiros dias da vida

Não daquela adotada e oficial

Plasmada em papel carmim

Mas da outra , de sangue real

a que deixa a memória vivida ...

Lembra só das crianças

Das brincadeiras sem fim

Não me vejas com a barba

Encoberta na cor da geada

Tom que agora pinta e cobre

o rude bosque de minha face

Tampouco como a senhora

Que conversa com o espelho

Esse ser plano de mágico gelo

Travestido de moço nobre

E a mania desse liso vidro vil

De manter vivo esse enlace

expondo os tons de vermelho

Nas manchas deixadas do tempo

Marcas que nunca escapam ...

Não olhes para dentro de nós

com o calendário fixo no hoje

Cuida só das puras lembranças

De uma era que evitava a fera

E toda a obra a gerar o medo

Era contida só na fé e n´um clamor

Tão ingênuo quanto doce e irreal

Para que na cena sempre houvera

um anjo capaz de um castigo evitar

A pena seria normalmente aplicada

diante das já desenhadas façanhas

De uma memorável traquinagem

Que na (nossa) história se consumava