Desabafo

Desabafo

Abençoada dádiva que orvalha minha vida

Não condenes meu silêncio de agora

Busca na memória as cantigas de outrora

Ouvirás, por certo, esta voz que hoje esmoreceu

Mas que no passado fez-te adormecer

Espantando carinhosa os medos teus.

Não desprezes minhas mãos enrugadas

Teus primeiros passos elas ampararam

Também te afagaram vezes sem conta

Mas conservam o mesmo carinho infinito

Que quando você nasceu, passou a existir em mim.

Desculpe-me o desabafo e não ironizes, por favor

Este meu caminhar apressado

Talvez seja um mero reflexo adquirido

Nas labutas do pretérito

Onde foste adorável personagem...

Nas tramas do destino complexo

Cujo amplexo tatuou o meu andar.

Não julgues com severidade meu olhar distante

Um dia, entenderá, que por amor

O coração também se cala para perdoar

Sê generosa, minha preciosa dádiva

Se pouco sei a teu respeito

Jamais digas que foi abandono

Apenas... Deixe-te livre

Livre para viver teus sonhos

Este foi meu jeito

Para dizer que te amo.

Norma Bárbara

Norma Bárbara
Enviado por Norma Bárbara em 27/01/2009
Código do texto: T1406935
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