Desabafo
Desabafo
Abençoada dádiva que orvalha minha vida
Não condenes meu silêncio de agora
Busca na memória as cantigas de outrora
Ouvirás, por certo, esta voz que hoje esmoreceu
Mas que no passado fez-te adormecer
Espantando carinhosa os medos teus.
Não desprezes minhas mãos enrugadas
Teus primeiros passos elas ampararam
Também te afagaram vezes sem conta
Mas conservam o mesmo carinho infinito
Que quando você nasceu, passou a existir em mim.
Desculpe-me o desabafo e não ironizes, por favor
Este meu caminhar apressado
Talvez seja um mero reflexo adquirido
Nas labutas do pretérito
Onde foste adorável personagem...
Nas tramas do destino complexo
Cujo amplexo tatuou o meu andar.
Não julgues com severidade meu olhar distante
Um dia, entenderá, que por amor
O coração também se cala para perdoar
Sê generosa, minha preciosa dádiva
Se pouco sei a teu respeito
Jamais digas que foi abandono
Apenas... Deixe-te livre
Livre para viver teus sonhos
Este foi meu jeito
Para dizer que te amo.
Norma Bárbara