O VOO DE STELLA
(Para minha irmã, Stella)
Stella achava
Que a noite
Fosse má conselheira,
Mas se arriscava
Ainda assim.
Vencia-a
A buscar um mote,
Para seu viver..
Deitada
No seu travesseiro
De penas de ganso,
Ajuntava-as e as colava
Em seu imaginário
E voava acima
De suas próprias
Pretensões
Visitava mundos outros
Outras mentes,
Constelações etéreas
Que a razão não a deixaria
Jamais alcançar,
Não fossem o alar
Das penas de ganso.
Stella flutua
Entre o passado recente
E o presente ululante
Na sua cabeça
Que a ilusão colocou
A prêmio.
Alta madrugada
Com suas enormes asas
Peroladas
Visita a terra do nunca mais
Para esquecer de tudo
Na macia manhã,
Entre as penas
De seu alucinante
Viver.