Casarão

Foi ali num descampado

Onde os meus antepassados

Só souberam construir

Que foi erguido o velho sobrado

E que agora eu vi ruir

Mas as lembranças do passado

Estão vivas no retrato amarelado

Que enfeita a minha estante

E reaviva na memória

Outro tempo tão distante

Na cozinha o antigo fogão

Servia de sala para a reunião

Onde dois velhos lá mateavam

E contavam suas histórias

Aos netos que escutavam

Na varanda uma ramada

de Três Marias centenária

da morada a bela entrada

orquídeas de muitas cores

com os nomes das netas batizadas

também o sótão e o porão

unindo a sombra à escuridão

onde havia quinquilharias

e as crianças em gritaria

com medo do bicho papão

ali cinco filhos foram criados

junto ao trabalho na selaria

onde reunidos no fim do dia

ao som da gaita e do violino

adormeciam em melodia

quando estou entristecido

lembro do jardim bem guarnecido

por carvalhos e camélias

a enfeitar jaboticabas

junto à flores de bromélias

nem mais o antigo rebolo

e nem o cheiro do bolo

nem o opala e tão pouco o poço

estes tempos nunca voltarão

mas os teus valores permanecerão

mesmo que o tempo te seja cruel

e hoje a terra não seja o teu céu

velho casarão, tijolos no chão

podes fazer parte do passado

mas vive em mim o teu legado.

...

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andré diefenbach
Enviado por andré diefenbach em 10/01/2009
Código do texto: T1377441
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