Até quando
Até quando
aumentarão vaidades vãs no homem,
vilãs que a eles próprios consomem,
ofuscando de lama sua fé grandiosa,
proliferando a lamentação chorosa?
Até quando
os olhos carnais cegarão sentimentos
mais nobres, tão irrefutáveis encantos,
com que o Criador-Pai nos enterneceu
entre perfumes que vão do chão ao céu?
Até quando
enfileirar-se-ão tantos e tantos pedidos,
plagiando sonhos injustos e descabidos,
de quem nunca nada fez por merecê-los,
sem agradecimentos ou tão pouco zelos?
Até quando
pareceremos monstros entre fronteiras,
relegando paz pelas beiras das quimeras,
confinando-nos a isolamentos taciturnos,
coerentes com egocêntricos desumanos?
Até quando
sufocaremos a nossa bondade latente
no mar tenebroso da dura banalidade,
oprimindo o sentir da alma mendiga,
que nasceu do amor e nele se abriga?
Até quando
a natureza bramará ecos de socorro
sem a escutarmos, incidindo no erro
de não entendermos um ledo engano,
ao refutar nosso fluido que é divino?
Até quando
terras conquistaremos pela vaidade
camuflando de cruel nossa realidade,
destruindo com incendiárias flechas
o amor puro qu’inda há nas brechas?
Até quando
olhos se sangue se oporão aos da alma,
numa guerra banal com dupla derrota:
quem mata,como o que morre se exporta
para a caverna onde toda a luz aborta?
Santos-SP-30/03/2006