Meu pai
Ainda me lembro do rádio
soando notas ousadas pelo pátio,
enquanto eu me esquivo do normal.
Vejo quem inspira meu pessoal.
Passa o tempo informando o contratempo,
no passar do vento, que me leva ao intento
de ser aquele que copia o exemplo
do que é fazer de si seu próprio um templo.
Jogar com os próprios meios não condiz
com a arrogância de quem olha e desmerece,
mas os olhos não se cansam de quem cresce,
ao passo em que a infância desce.
Rir das coisas vistas como infortúnios,
apenas pelo esporte de enxergar as belezas,
no simples comemorar risos noturnos,
só por elevar óbvias grandezas.
Estando formado na arte do viver.
Sabendo o gosto do que é ignorar o saber.
Comprovo o valor de um aviso sábio,
na dissonância entre o certo e o fácil.
Mais uma vez constato o que é lógico.
Novamente me acho formado na arte do erro.
Encontro-me satisfeito em saber o passo.
Passo pelo encontro sabendo o valor do berço.
Estar assim... Sabendo o porquê.
Ser assim... Sabendo por quem.
Estar onde estou... Devendo o motivo.
Ser quem eu sou... Sabendo por quem.