Para o coração dela
Por que, justamente na primavera,
arrancaste as pétalas
e me desfolharaste, por quê?
Nosso amor não era de uma estação,
mas de uma vida inteira.
Vais, enfim,
habitar noutro jardim
e conhecer novas flores.
Teimo em acreditar
que tudo o que eu fiz foi para ficar
e jamais para se ir.
Falhei como regador de flores,
plantei sementes de espinhos
e se hoje eu te perdi,
perdi também meu ninho
onde eu feliz voava
na leveza emprestada de tuas asas...
Mas, sem elas, agora,
resta-me cair no chão
e apenas reatar com o coração
nestes bem singelos versos.
Recebe-os, pois são teus, mais ainda que meus,
porque sem ti eles jamais terão uma estação certa.