SUA BÊNÇÃO, MEU PAI

O andar é firme, macio, tão leve,

Roupa impecável, sem dobra,

Os cabelos penteados são uma obra

Esculpida em cor de neve.

Tem o rosto sério, mas formoso,

Com sorriso que o tempo não fez sepulto,

Nos olhos o grande amor é um culto

Dedicado ao rebanho numeroso.

À noite olha para o firmamento,

Onde a lua expõe sua claridade,

E marcando o chão de saudade,

As lágrimas caem por um momento.

Saudade boa que durará toda vida,

Daquela que lhe deu tesouros imensos,

E hoje vive nos jardins suspensos,

Depois da prematura partida.

Caminha a somar os variados galhos

Da frondosa árvore genealógica

Contando com sabedoria e lógica,

Pois tem a mente clara, sem atrapalhos,

Cada filha, filho, nora, genro e neto.

Neste dia, emocionada, seguro sua mão,

Digo-lhe meus versos saídos do coração:

“A sua bênção, meu pai, eis aqui o seu bisneto”.