Pai
Não tenho como definir meu pai
Há tempo que não nos olhamos
Sei que gostaríamos...
Não nos falamos
Não haveria assuntos em comum
Não gosto do seu gosto
E sei, ele não suporta os meus gostos...
Conflito de gerações? Não creio...
Ele: enquadrado num quadrado com seus problemas
Eu: viciado nos débitos dos meus traumas...
Ele não sabe quais são as minhas “neuras”...
Eu não sei quais são os seus problemas...
Dane-se!
Não tenho como definir meu pai
O tempo é uma desculpa ultrapassada
Sobretudo, porque existe apenas questões de prioridade
E falta de tempo é desculpa para os queixosos
Não pra pai... não pra filho...
Falta interesse, iniciativa, atitude... e não quero falar de respeito.
Poderia me meter nos seus problemas
Não sou chamado... não seria intromissão
Afinal, sou seu filho... mas, deixa pra lá!
Ele poderia se meter nos meus traumas
Não é chamado... não seria atropelamento
Afinal, é meu pai... mas, deixa pra lá!
Por que os pais dos nossos amigos são mais amigos
Que os nossos próprios pais? Não sei...
Eles pouco aparecem em suas casas
Mas mesmo assim parecem mais pais que o meu...
Sofro calado
E sei que ele sofre calado...
Não tenho como definir meu pai
Não o conheço... nem ele me conhece...
E quando ele se for? Aí, não haverá mais tempo...
Sobrarão assuntos... Sem valor...
Ele não sabe como definir seu filho...
E eu não sei como definir meu pai...