Reincidência
Hoje escrevo poesias
e arranco os cânceres acumulados.
Consigo sintetizar a dúvida
como apreendendo,
tapando com os dedos
os buracos da flauta do meu cérebro
para que só um som
um, único
não me atonte.
Hoje escrevo portas
para que a inflamação dos meus medos
assome o nariz peludo
e compare suas comodidades
todas insuportáveis.
Hoje varro estorvos
putrefatos e os amontoo
no portal, cobrindo-os
com sorrisos
para que os vizinhos não reclamem.
Hoje tento viver,
aprovando o exame tantas vezes
reprovado de tão sabido,
de erroneamente aprendido.
Hoje destilo o Hoje, desatando-o
de ontems e amanhãs
tentando disciplinar-me
e compreendo que: "a presença do aluno
é que faz o mestre sábio"