Dez encantos
Que as coisas mudem,
Que os preços baixem,
Que a dor estanque,
Que o medo acabe.
Que a natureza resista,
Que o sono venha
E o sonho exista
Neste solo árido.
Meu Deus, quanta pobreza
De esperanças e planos,
Projetos e utopias!
É tudo tão concreto e seco
E cinza e só.
É preciso ver o amanhã
E saber do depois;
Ver todas as cores,
Provar todos os sabores.
Onde estão todas as crenças?
Que é das esperanças
Das crianças e velhos?
Onde os caminhantes?
Fizeram-se andarilhos cabisbaixos,
Cambaleantes tornaram-se?
Venha o sol, entre a lua,
Chegue a chuva de estrelas,
Mude-se a noite em dia,
Tranforme-se o deserto,
Cuide-se do mar,
Venha o céu à terra,
Mas faça-se todo o ideal renascer!