O Chutador de Panelas.

Ao meu querido amigo Celso Panza.

De um antigo amigo: “Estamos velhos?” foi pergunta singela.

Sei lá, mas sendo de corpo, repondo com cautela,

Ser possível, pois alguma ruga isto revela.

Mas, agora lhe indago o que minha mente martela:

Como anda sua alma? Caminhando em qual viela?

Não mais estamos nos tempos de uma alegre piela,

Deixamos singrar nosso mar uma vida-caravela

E navegamos nossa própria novela.

Você a desempatar uma ou outra querela,

Eu juiz de mim mesmo ao abrir qualquer portela.

Construímos a gosto nossa possível cidadela,

Tecemos nossas malhas com ponta e farpela

No mais, há de ser a idade mera balela,

E ainda havemos de chutar uma panela

Da qual nos há de sobrar uma última raspadela.