Ainda há felicidade
Vivo a vida perguntando
Que diabos há para ser feito?
Que vazio é esse em meu peito?
Vou à morte indagando
Será que tenho utilidade?
As pessoas por mim passam
Indiferentes, passo a passo
Numa música sem rítmo seguem o descompasso
Apenas fantasmas que por mim transpassam
Será que têm utilidade?
Guerras sem valor são travadas
Começam, acabam, recomeçam e tornam a acabar
Matamos uns aos outros sem parar
Em lutas sem amor realizadas
Será que há maior futilidade?
O amor virou um fardo
A amizade encontrou o cansaço
A lealdade já não tem espaço
Como se a ganância houvesse triunfado
Será que há mesmo necessidade?
Não entendo o que se passa na cabeça desta raça
Raça de animais irracionais
Que se considera a mais racional entre os animais
Raça de pura desgraça
Mas ainda há felicidade!
Ainda há beleza pela qual lutar
Ainda há bondade, em cujas mãos deposito minha esperança
Ainda há mais nascimento que matança
Ainda há boas almas que não hão de vacilar
Ainda há felicidade!