ACREDITAR AINDA É PRECISO
Escrevo coisas
Como quem pula no escuro
E descobre na memória entontecida
A precariedade da existência
Escrevo coisas
Que vão dar num beco sem saída
Quando o sentido
É algo sem sentido
Relembrando todas as mortes
Que vivenciamos
Deixando-nos simplesmente
Um precipício e um vazio
Escrevo coisas
Como quem espera que as palavras
Valham mais que o silêncio
E que apontem uma saída
Quando o teto desabar
Na cabeça de todo mundo
Quando o tempo for explodido
Por todas as espécies de fundamentalismos
Escrevo coisas
Para agarrar todas as hesitações
E seguir adiante
Sabendo que acreditar
Ainda é preciso.