TEMPO DO QUÊ?

TEMPO DO QUÊ?

Paulo Gondim

08.06.2006

Há tempo para tudo, diz-se

Em remoto ensinamento

De longa porfia

De grande certeza

De grande encantamento

De pura filosofia

Exato. É assim o tempo

Lento para uns

Exíguo para outros

Implacável para todos

E me questiono sobre mim

Como mero figurante

Desse teatro temporal

O que represento é real

Ou simples e pobre fantasia?

Nessa dúvida sem fim

Do que fui, sou e serei

Que tempo é este?

Tempo do quê?

De devastação, talvez...

De infortúnio, de perda

De solidão, de pequenez

É o tempo que vejo

Um tempo feio, pobre

Desesperador, ambíguo

Tempo de desamor

De pouca ação, de muito ódio

De falta de compaixão

Creio ser o tempo de chorar

A falta de fraternidade

A ausência de humanidade

A perda da simplicidade

A desistência da fé

Mas é preciso inventar um novo tempo

Tempo de rever as mazelas

De abrir novas cancelas

Tempo para nova vida

Tempo para repartir o pão

Para novos amores

Onde reine a paz e menos solidão

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 07/02/2008
Código do texto: T848906
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